PRÁT. GESTÃO ESCOLAR




ATIVIDADE I: A ESCOLA E O PLANEJAMENTO

 
Juvenilto Soares Nascimento

O PROCESSO DE PLANEJAMENTO EM MINHA ESCOLA

 No Centro de Ensino Fundamental 101 do Recanto das Emas, diferentemente de muitas escolas nas quais trabalhei, temos prezado por um planejamento sério. Em geral temos pautado pela fidelidade ao avaliarmos nossa realidade. Temos nos mostrado também sóbrios ao estabelecer metas e medidas. Nosso PPP em geral apresenta projetos de forma simples e exequível, sem devaneios.

Lá, a equipe gestora e os coordenadores promovem a participação dos professores. A participação dos mesmos é em geral direta, não formal, ativa (parcela dos professores possui participação reservada) e convergente.

Quanto à participação da comunidade, percebe-se que não ocorre satisfatoriamente. Embora essa seja convidada a participar, sua não participação se enquadraria bem no que Silva define como induzida: “[...] estaria relacionada aos processos e às dinâmicas institucionais que conduzissem ou inviabilizassem a efetiva participação” (2009, p. 07). Em geral os pais são convocados nos dias úteis, quando boa parte está trabalhando. Para os alunos, o grêmio estudantil, por exemplo, nunca existiu. Até o momento temos ignorado esse mecanismo.

Apesar de primarmos por uma proposta comprometida com a realidade em que a escola está inseria, podemos melhorar um pouco mais nesse sentido.

A escola é influenciada por forças “externas” e “internas” a seus muros. Enquanto uma unidade social os “elementos que integram a vida escolar são, em parte, transpostos de fora; em parte, redefinidos na passagem, para ajustar-se às condições grupais; em parte, desenvolvidos internamente e devidos a estas condições. Longe de serem um reflexo da vida da comunidade, as escolas têm uma atividade criadora própria, que faz de cada uma delas um grupo diferente dos demais (GANZELI, 2000, p. 2).

            Ganzeli (2000) apresenta uma ótima proposta que pode tranquilamente ser utilizada pelo CEF 101. Essa proposta de se construir um painel com as etapas das ações é bastante prática para atacar qualquer situação adversa no ambiente escolar: problema > indicadores > causas > operações > recursos > prazo de execução > resultados > avaliação > revisão geral.

Nesses últimos anos temos presenciado propostas fundamentadas no idealismo. Erro que tem se alastrado.

De um modo geral, nossa cultura está marcada pelo idealismo: conforme análise precedente, há uma tendência de se valorizar as ideias em detrimento da prática e mesmo de superestimar o poder das ideias, como se bastasse uma ideia clara para que, automaticamente, acontecesse a alteração da realidade (VASCONCELLOS, 2006, p. 31).

 A escola faz parte de um curso proporcionado pela CRE do Recanto das Emas. Nesse curso são abordados os mais diversos temas: gestão, legislação, meio ambiente, sexualidade, projeto escolar, o castigo no ambiente escolar... Em geral os textos apresentam boa fundamentação teórica. Normalmente o grupo de profissionais aceita bem essa fundamentação, mas por vezes manifesta-se contrário quando percebe que a teoria não veio da prática. Aliás, no meio acadêmico também há os que não respeitam o processo da práxis: prática > teoria > prática. Ao quebrarem essa sequência tentam criar algo similar a: teoria > teoria > prática. Textos que apresentem esse tipo de “vício” não têm conseguido fazer desacreditar no planejamento, devido à percepção do grupo.

            A aplicação ao planejamento certamente está firmada no fato de reconhecermos a importância do projeto, sem nos esquecermos de que não reside nele a solução de todos os problemas, como bem orienta Vasconcelos (2006, p. 64).

            Uma das vantagens que tivemos esse ano foi a liberdade de não construir o PPP necessariamente na semana pedagógica. Pois essa semana, além de ser reduzida, é sobrecarregada por uma série de assuntos a serem tratados – inclusive o de “modulação”. Se não tivéssemos essa liberdade de construir o projeto ao longo do ano, certamente seríamos forçados a preparar um projeto “de gaveta”.

            Outro aspecto no qual o CEF 101 tem tido uma atuação positiva é que os eventos e as ações são discutidos nas coordenações pedagógicas, imediatamente após acontecerem. Isso, além de forçar uma avaliação mais fiel, motiva os professores a participarem mais – uma vez que estão mais sensíveis às sensações de sucesso ou de fracasso. O assunto ainda está pulsando em suas emoções. Assim não fica a sensação de que se está discutindo assuntos sem vida... Além desse método de avaliação, é utilizada a avaliação institucional ao final de cada semestre. Detalhe: quando essa avaliação é feita não tem o mesmo efeito sobre os professores, já que não parece estar associada à necessidade imediata. É geralmente encarada como mera burocracia.


BIBLIOGRAFIA:

 GANZELI, Pedro. O processo de planejamento participativo da unidade escolar. Política e gestão educacional. Via World Wide web: http://www.fclar.unesp.br/publicacoes/revista/gestao.html.

SILVA, Marcelo Soares Pereira da. O gestor escolar frente o desafio da participação no planejamento do trabalho escolar: dimensões e significados. In: Escola de Gestores da educação básica. 2. ed. 2009.

 VASCONCELLOS, Celso S. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. 9. ed. São Paulo: Libertad, 2006. p. 14-64.

 VASCONCELLOS, Celso S. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. 9. ed. São Paulo: Libertad, 2006. p. 95 e 96.




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ATIVIDADE II - PROPOSTA DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
 


IDENTIFICAÇÃO INSTITUCIONAL

 
Centro de Ensino Fundamental 101 do Recanto das Emas, escola criada há 16 anos para atender à comunidade das imediações. A escola é uma das pioneiras na educação inclusiva, no Recanto das Emas.

 
JUSTIFICATIVA

             A escola, como boa parte das escolas públicas brasileiras, vem enfrentando um distanciamento entre os objetivos a que se propõe alcançar e os resultados obtidos. Enfrenta, ainda, um questionamento de sua própria identidade: O que está errado? Quem deve mudar, ela ou o aluno? Que medidas são passíveis de serem tomadas rumo ao sucesso?

            Fica, portanto, evidente que alguém precisa tomar a dianteira em busca da solução. Para isso, a escola está no centro da responsabilidade (SOUSA, p. 5, 2009).

Assim, visando a um aperfeiçoamento do seu trabalho escolar, faz-se necessária a elaboração deste projeto político social.
 

OBJETIVOS

 
·         Repensar a política escolar, considerando sua nova realidade, com uma lógica bem distinta.

·         Construir sua identidade: escola democrática e de ensino de qualidade.

·         Redefinir seu conceito de qualidade bem como seus objetivos e práticas (MASAGÃO, p. 232-233, 2005).

 

METODOLOGIA
 

Assumir, enquanto equipe gestora, o compromisso de uma gestão democrática na busca da construção de toda uma escola democrática.

Apontar aos professores para a necessidade de se elaborar de um Projeto Pedagógico Social (SOUSA, p. 2-3, 2009; BELLONI & BELLONI, p. 19, 2003), uma vez que a nova postura exigirá bastante que a escola assuma sua responsabilidade de agregar a sociedade à escola, e a escola à sociedade (SOUSA, p. 4-5, 2009).

Perseguir uma postura lúcida e nada complacente (THURLER, 1998 – citada por SOUSA) de se avaliar (FREITAS, p. 677/678, 2004) a fim de alcançar a eficácia desejada. Dispor-se a trabalhar essa avaliação de modo sistemático e contínuo, prontos para fazer os devidos ajustes (BELLONI & BELLONI, p. 19, 2003).

Com os resultados já processados e ordenados, fazer a prestação de contas à comunidade escolar. Por oportuno, apontar as tomadas de decisões a partir dos dados da avaliação, aceitando sugestões da comunidade escolar (SOUZA, p.8-10, 2005; MASAGÃO, p.243, 2005).

Fortalecer a gestão escolar democrática, bem como tornar seu conceito amplo por meio de cooperação com setores como: representantes de serviços públicos, comerciantes, associações locais, ONGs e universidades (MASAGÃO, p.243, 2005).

Priorizar a busca por uma escola de qualidade que valorize a pluralidade, o humanismo e à emancipação (MEC, p. 3, 2004). Assumir o compromisso de primar muito mais pela solidariedade do que pela comparação/competição entre alunos (SOUZA, p.4-7, 2005).

 
 

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
 

BELLONI, I.; BELLONI, J. Questões e propostas para uma avaliação institucional formativa. In: FREITAS, L. C. (Org.). Avaliação de escolas e universidades. Campinas, SP: Komedi, p. 9-34, 2003.


FREITAS, Dirce Nei Teixeira de. Avaliação da educação básica e ação normativa federal. Cadernos de pesquisa. Vol. 34, n. 123, p. 663-689, set/dez. 2004.

 


 

RIBEIRO, Vera Masagão et al. Indicadores de qualidade para mobilização da escola. Cadernos de Pesquisa, vol. 35, n 124, p 227-251, jan./abr. 2005.

 

SOUSA, Sandra Z. L. de. Avaliação institucional: elementos para discussão. In: Escola de Gestores da educação básica. 2 ed. 2009.

 





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ATIVIDADE III: IDEB - AVALIAÇÃO DO CEF 101 – REC. DAS EMAS

 

RESULTADOS DO IDEB NA ESCOLA ONDE TRABALHO:



 

Ideb Observado
Metas Projetadas
Escola
2005
2007
2009
2011
2007
2009
2011
2013
2015
2017
2019
2021
CEF 101
REC. DAS EMAS
  3.9
4.3
4.7
4.5
4.0
4.3
4.8
5.0
5.3
5.6
5.9
6.1

 


AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES
 

            Embora eu lecione apenas em turmas de sexta série (que não são avaliadas pelo MEC), em meu primeiro ano na escola, e não participe diretamente da discussão do rendimento do turno oposto, é possível avaliar o resultado e propor alternativas para aperfeiçoamento da escola.

            Observando os dados acima, observa-se que a escola alcançou o índice previsto para 2007 e 2009, tendo uma melhora nesse período. No entanto, em 2011 não apenas deixou de alcançar a meta projetada como teve queda de rendimento em relação à avaliação anterior: prejuízo duplo. Isso alerta para o fato de que qualidade deve ser constantemente perseguida, caso contrário retroceder nos resultados é um risco a ser considerado.

            Sabendo que o IDEB apresenta uma média entre nota na prova, índice de reprovação e índice de evasão escolar, a tarefa de melhorá-lo exige um esforço não apenas contínuo como também de múltiplas frentes.
 

PROPOSTAS
 

É muito questionada toda essa sistemática do MEC em classificar as escolas por notas, ainda que a intenção possa não ser exatamente essa. Esse processo não é muito distinto da já tradicional avaliação feita nas salas de aula de todo o Brasil e tão bem questionada do círculo acadêmico.

Alternativa encontrada por algumas escolas é focar o processo ensino-aprendizagem na prova e no currículo nela implícito. Algumas transformam a sala de aula em representações de cursinhos preparatórios para concursos e vestibulares. Aliás, quem utiliza esse processo na seleção de seus alunos já sai na “frente”, como é o caso das escolas militares. Ou ainda as que selecionam por classe social, as escolas particulares (nesse caso, a seleção é velada, como em um contrato social por dedução: as “melhores castas sociais” ficam isoladas das menos agraciadas).

Claro que a prática docente pode e deve ser aquela que utiliza a avaliação para entender onde o aluno necessita de ajuda. Assim, a educação atende à ideia de que a aprendizagem é mais importante do que simplesmente avançar por conteúdos.

Nesse processo, utilizar também (e não somente) a sistemática do MEC nas provas escritas não representa nenhum problema. Pode ser utilizada essa metodologia. Desde que seja apenas mais uma modalidade para as quais o aluno esteja sendo preparado. O problema é quando esse tipo de “ranqueamento” se torna aquele que dita regra à educação, sem gerar a reflexão necessária, sem permitir uma formação ampla – como deve ser.

Outras duas medidas, que extrapolam a sala de aula, são bem vindas para a mudança desse quadro negativo no qual a escola se encontra no IDEB. Ambos já existem no CEF 101, mas precisam ser repensados.

A primeira é o da construção do Projeto Político Pedagógico.  A escola tem o seu Projeto Político Pedagógico até bem elaborado, naturalmente que sua elaboração ficou restrita à equipe gestora em parceria com os professores. Também o executa razoavelmente bem. Naturalmente que avalio a escola no ano de 2013, dois anos após o “fracasso”, e que essa postura relativamente positiva seja já a mudança que a equipe gestora percebeu necessária na época do resultado negativo. É possível que possa avançar considerando sempre estar disposta a “discutir coletivamente seus dilemas e as responsabilidades de cada ator ou grupo de atores na busca do alcance de sua função educativa” (VIEIRA, 2006)

A segunda medida é a construção de um projeto de avaliação institucional que considere as notas do MEC ao mesmo tempo em que permite colher elementos a fim de sustentar as devidas mudanças na gestão escolar e na prática pedagógica. É aí onde entre a avaliação institucional formativa, “com construção de indicadores a partir dos alunos e dos aspectos mediadores do processo pedagógico” (SOUZA, 2005).

 

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
 

SOUZA, Ângelo Ricardo de et al. Avaliação institucional: a avaliação da escola como instituição. Gestão e avaliação da educação escolar. Curitiba, Ed. da UFPR, p 23-42, 2005.

 

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